quinta-feira, 7 de junho de 2007

A revolução que a TV não vê

Acompanhando a cobertura dos telejornais brasileiros e observando as reações exaltadas por aqui, podemos acabar pensando que, desta vez, Hugo Chavez realmente se passou. Não renovar a concessão de uma das mais tradicionais redes de televisão da Venezuela, a RCTV, teria sido ir longe demais. Afinal, apesar de todos lembrarmos (ou não?) que houve naquele país um golpe desavergonhado, alguns dos responsáveis teriam, enfim, sido punidos e o presidente, para o bem ou para o mal, está vivo e de volta com toda a corda.

O fato de alguns veículos de comunicação serem sensacionalistas e mentirosos não justifica que devam ser fechados. Uma democracia deve sobreviver a isso. Caso contrário, imagine o que teria sido de boa parte da imprensa brasileira atual.

Na Venezuela, porém, o buraco era mais embaixo. O documentário A Revolução não Será Televisionada revela aquilo que os meios de comunicação globais esconderam: que a oligarquia venezuelana e a RTCV planejaram o golpe e incitaram a população à violência civil. Essa produção irlandesa de 2003 mostra os eventos de uma maneira que jamais teria sido reportada pela grande imprensa. A equipe chegou ao país poucos dias antes de os protestos contra Chavez começarem e esteve presente nos momentos mais cruciais desse drama. Um deles foi quando os militares chegaram ao palácio Miraflores para prender o presidente, que acaba se entregando para que a sede do governo não seja bombardeada, sem, porém, assinar a renúncia. É realmente impressionante acompanhar estes momentos, como a declaração emocionada da ministra do Meio Ambiente e as manifestações do povo nas ruas depois que os golpistas tomaram o poder.

Também impressionante é assistir aos jornalistas da RCTV vangloriarem-se na frente das câmaras, para todo o país, por terem orquestrado, juntamente com alguns empresários, o primeiro golpe de Estado da América Latina no século XXI. Se o noticiário da CNN foi mais do que suspeito, a vergonhosa aceitação do golpe pelo governo dos EUA somente reforça a má fama e a familiaridade com o crime que tem este governo, confirmada por algumas das pessoas e instituições mais respeitadas.

Depois deste filme bastante premiado, talvez fique mais fácil entender o que significa uma rede de televisão planejar e apoiar um golpe de Estado, mentir e manipular imagens, como é demonstrado, e incitar a população à violência política que, no caso da morte de Chavez, teria provavelmente levado a uma sangrenta guerra civil.

O documentário de Kim Bartley e Donnacha O’Brian, A Revolução não Será Televisionada (The Revolution Will Not Be Televised), pode ser assistido em partes no You Tube. O trecho 4, que está abaixo, mostra as manifestações de rua contrárias a Chavez e a manipulação de imagens feita pela RCTV. O trecho 5 (já na parte inicial) mostra o momento em que os militares chegam ao Palácio.

Mais informações sobre o filme em www.chavezthefilm.com.



Parte 4




Parte 5


Um comentário:

INGREDIENTE disse...

aniversário de dois meses deste post, hein!!!
eheheheh